terça-feira, 3 de novembro de 2009

Hoje tem caminhada dos terreiros contra o preconceito


O Dia da Consciência Negra é festejado apenas em 20 de novembro, mas os representantes da cultura africana já começam a se mobilizar contra o preconceito hoje com a 3ª Caminhada dos Terreiros de Matriz Africana e Afro-descendentes. São esperadas cerca de 7 mil pessoas, entre praticantes de religiões de origem africana, como o candomblé, e outros cultos. A intenção é reivindicar que o governo do Estado reconheça os terreiros e valorize as raízes históricas dos afro-descendentes.

A concentração para o evento será às 15h, no Marco Zero, Centro do Recife. Os participantes farão um culto aos orixás e, em seguida, entregam ao governador do Estado, Eduardo Campos, a carta de manifesto dos terreiros. O documento pede, entre outras coisas, a implantação da lei federal nº 10.639 de 2003, que inclui o ensino da história africana no currículo dos ensinos fundamental e médio. “Nas aulas, os negros são mostrados apenas como escravos trazidos da África. As pessoas se esquecem que, nos países de origem, esses povos tinham uma vida e uma cultura própria”, explica Mãe Elza, uma das organizadoras da caminhada.

A segunda reivindicação principal diz respeito ao mapeamento dos terreiros de Pernambuco. Essa organização daria a eles acesso a benefícios como isenção de impostos, por exemplo. “Atualmente, a Bahia é o único Estado que já começou a fazer esse trabalho de registro, mas, com o apoio do governo, podemos concluir nosso mapeamento até meados de junho”, afirma Mãe Elza.

Após a entrega da carta, os participantes do evento farão caminhada pela Avenida Rio Branco, Praça da República, Rua do Sol, Avenida Guararapes e Avenida Dantas Barreto. O trajeto termina no memorial Zumbi dos Palmares, que fica em frente à Praça do Carmo, também na área central da cidade. Lá, haverá um novo culto e dança. “Queremos que as pessoas conheçam nossa religião como ela realmente é. Elas acreditam que nossa crença é ligada ao demônio, mas ele não faz parte da nossa mitologia. O que cultuamos são as divindades da natureza”, completa Mãe Elza.