segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Fórum de Religiosidade de Matriz Africana do Rio de Janeiro Izo Lebe vem convocar sua reunião.
Data: 08/12/09
Horário: 18 h
Local: Centro Cultural José Bonifácio - Rua Pedro Ernesto, Gamboa
Pauta:
Atualização cadastral dos membros do Fórum
Informes dos desdobramentos das deliberações da Plenária da I Caminhada Nacional
Informes da organização do Fórum Nacional
"Encontro Estadual do Fórum de Religiosidade de Matriz Africana"
Solicitamos que as pessoas que efetivaram preenchimento da ficha de levantamento de dados cadastrais, apresente nesta reunião. É relevante seu preenchimento para que se mantenha contato. Nos comprometemos a usar os dados estritamente para informar e convocar sobre o Fórum.
Comitê Mobilizador do Fórum de Religiosidade de Matriz Africana do Rio de Janeiro Izo Lebe
domingo, 29 de novembro de 2009
Mensagem de Agradecimento e Carinho aos Terreiros que abriram suas portas para 1a Caminhada Nacional do Povo de Santo
Nesta luta e nesta caminhada pela vida e liberdade religiosa, ao longo dos anos, temos tido a oportunidade de conviver com pessoas de corações grandiosos, dentre as quais, destacamos as pessoas dessa casa*, que não se furtam e não se furtaram, em momento algum, a abraçar esta causa que é do povo das religiões de matrizes africanas.
Sabemos que nada é perfeito. Como seres humanos somos conscientes de que imprevistos, erros e acertos fazem parte do caminho e do aprendizado de tantos quantos buscam construir um mundo melhor. A superação dos imprevistos, dos erros ou equívocos e a valorização dos acertos aliados à necessária dose de humilidade têm sido os ingredientes essenciais para consolidação da aliança democrática e participativa que, juntos, estamos construindo pela vida e liberdade religiosa.
Contudo, a tarefa não tem sido fácil para nenhum de nós em virtude dos desafios que se apresentam para a consolidação da unidade da luta do nosso povo. Desafios que, juntos, estamos vencendo, segundo a segundo, minuto a minuto, hora a hora, dia a dia, com o inestimável e imprescindível apoio, consideração, compreensão, tolerância e respeito de todos e todas. O valor e a grandeza dessa nossa união de esforços permitiu - dentro da reserva do possível e das limitações de cada qual- a realização, com êxito, da 1ª Caminhada Nacional e 5ª Caminhada Estadual pela vida e liberdade religiosa.
Neste sentido, pedimos a todos, nossos irmãos e parceiros, desculpas por quaisquer erros e/ou equívocos acaso cometidos, que, asseguramos, não foram intencionais, ao tempo que agradecemos o apoio e participação deste terreiro nesse processo de construção, que,com carinho e esforços nos acolheu e às diversas delegações dos Estados e foram fundamentais para o sucesso da nossa Primeira Caminhada Nacional pela Vida e Liberdade Religiosa.
Pelo sucesso das ações que empreendemos juntos e das sementes semeadas agradecemos, em primeiro lugar aos Orixás, Voduns e Inquices que nos escolheu e permitiu que estivéssemos à "frente" da Caminhada pela Vida e Liberdade Religiosa durante cinco anos.
A todos os terreiros desta nossa Cidade do Salvador e deste nosso país que, conosco, uma vez mais, construíram a Caminhada pela Vida e Liberdade Religiosa, agradecemos pela colaboração e empenho e por todos pedimos que nossos Orixás, Voduns, Inquices e Encantados estejam sempre conosco.
Responsável: Pai Luis de Logum
Nome do Ilê / Terreiro /Unzó: Ilê Axé Ogunjá Tilauaiê Orubaiá
Responsável: Pai Balbino Cabral
Nome do Ilê / Terreiro /Unzó: Ilê Axé Ajucum Denoi
Responsável: José Lomanto Silva
Nome do Ilê / Terreiro /Unzó: Ilê Axé Ocutainã
Responsável: Dulce Maria dos Santos
Nome do Ilê / Terreiro /Unzó: Ilê Axé Iba Lugan
Responsável: Jacira de Santana
Nome do Ilê / Terreiro /Unzó: Terreiro Unzo Maiamba de Izambi
Responsável: José Rafael dos Santos
Nome do Ilê / Terreiro /Unzó: Terreiro Kidanadana
Responsável: Roque Pereira
Nome do Ilê / Terreiro /Unzó: Terreiro Santa Bárbara
Responsável: Valdemir Melo
Nome do Ilê / Terreiro /Unzó: Ilê Axé Yatoni
Responsável: Lila de Oxum
Nome do Ilê / Terreiro /Unzó: Ilê Axé Ominorin Massun
Responsável: Bel de Oxum
Nome do Ilê / Terreiro /Unzó: Ilê Axé Oxumarê
Responsável: Baba PC
Nome do Ilê / Terreiro /Unzó: Ilê Axé Nagajia
Responsável: Yá Adelaide
Nome do Ilê / Terreiro /Unzó: Ilê Axé Osum
Responsável: Maria das Graças Guimarães
Nome do Ilê / Terreiro /Unzó: Ilê Axé Jiboli
Responsável: Edvaldo Alves
terça-feira, 24 de novembro de 2009
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Povo de Santo pede a paz e respeito!
Representantes de religiões de matriz africana tomaram ontem as ruas do Engenho Velho da Federação, Vasco da Gama e Dique do Tororó para promoverem a 5ª Caminhada pela Vida e Liberdade Religiosa, causando longo engarrafamento. Vestidas de branco, milhares de pessoas protestaram contra a discriminação e pediram paz e respeito às práticas do candomblé. Fogos de artifício, trio elétrico e um ato de paz com show no Dique fizeram parte do evento. Nem o sol quente desanimou os participantes da caminhada que lançaram um slogan para os incubados : “Quem é de axé diz que é”. Não era dia de santo, mas o domingo para muitas pessoas foi de manifestação e valorização aos ritos que evocam os orixás. Com contas no pescoço, torço na cabeça e saia rodada, a Ialorixá Cleonice, mais conhecida como mãe Dó, do terreiro Raiz de Oxumaré, se aprontou cedo para participar do ato em favor da tolerância religiosa.
“É um ato bonito de confraternização, mas principalmente de demonstração da nossa força e de que devemos nos unir ainda mais. Não podemos nos curvar às críticas, pois somos livres pela fé em Deus a quem veneramos e nos orixás, que são energias. Todos somos iguais e tudo isso foi deixado por Deus, portanto deve haver respeito”, disse.
Crianças e jovens do projeto social realizado pelo terreiro de mãe Dó também participaram do evento. Sessenta jovens integram o projeto que dá aulas de dança, capoeira, percussão, informática e reforço escolar.
Presente na caminhada o secretário de Reparação Racial do Município, Ailton Ferreira, disse que o ato era mais uma iniciativa importante dentro do novembro negro. “Temos aqui representantes de 20 estados brasileiros e do interior da Bahia. Trata-se de um ato pela vida e contra o preconceito religioso”. De cima do trio, representantes do candomblé combateram com palavras e cânticos o assédio e a provocação de outras religiões que mitificaram a crença nos orixás, como um culto ao diabo. “Chega de tanto desrespeito, de tanto desamor. O desrespeito a religião é um crime contra a vida e está na Constituição Federal”, dizia um pai de santo.
intolerância - Vítima da intolerância religiosa, já que precisou sair da comunidade de Valéria para não sofrer mais perseguições, Evandro de Logun, de um terreiro em São Gonçalo do Retiro chamou a atenção para a necessidade das pessoas viverem em paz sem desrespeitar o espaço e as manifestações alheias. “Eles me provocavam dizendo que serviam a Jesus e eu servia ao diabo. No entanto sirvo ao mesmo Jesus deles. A diferença é que nós também cremos nos orixás. Quando eles passam com a Bíblia debaixo do braço não fazemos nenhuma crítica, por isso pedimos que quando nós passarmos com nossas contas eles também nos respeitem”, reivindicou.
Depois de ter sido católica praticante durante 50 anos, a paulista Ivete Gomes disse que é no terreiro que hoje encontra forças. “Todas as religiões são boas, mas cada um deve escolher a sua e respeitar a do outro”, exaltou.
A manifestação também trouxe pessoas de fora do Estado, a exemplo de um grupo de 60 pessoas que vieram do Rio de Janeiro somente para o evento. “Temos que lutar para vencermos o preconceito”, resumiu o pai de santo Washington de Xangô.
O carioca Torres de Ogum, frequentador há 35 anos de um terreiro no Rio também ressaltou a importância de prestar esclarecimentos sobre as religiões africanas. “Infelizmente esse preconceito existe por serem essas religiões de origem negra sem as oportunidades de educação das outras raças. Alguns dizem que cultuamos o diabo, mas o que existe é Deus e os orixás”, enfatizou, lembrando o uso da cor branca como uma manifestação natural pela paz.
Fonte: http://www.tribunadabahia.com.br/news.php?idAtual=30745
domingo, 22 de novembro de 2009
1ª Caminhada Nacional pela Liberdade Religiosa aconteceu hoje, 22/11, em Salvador
Durante todo o trajeto da Caminhada, sob um céu sem nuvens, os participantes cantaram, dançaram, bateram tambor e reforçaram a importância de combater a intolerância religiosa e o preconceito às religiões de matriz africana. “Combatemos a intolerância religiosa, por isso, não queremos proselitismo e, sim, o respeito e a liberdade a todas as manifestações religiosas”, afirmou Marcos Rezende, coordenador geral do Coletivo de Entidades Negras.
A 1ª Caminhada Nacional pela Liberdade Religiosa também contou com a presença de grupos de afoxé como os Filhos de Gandhy e de autoridades, a exemplo do assessor da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, José Guerra, que falou sobre a importância do evento. “Fiz questão de participar da Caminhada e a Secretaria Especial dos Direitos Humanos sente-se orgulhosa em apoiar um ato como esse”.
Fernanda Miranda
Via Press Comunicação
sábado, 21 de novembro de 2009
Lançado Fórum Nacional das Religiões de Matriz Africana em Salvador
Para a secretária estadual da Promoção da Igualdade, Luiza Bairros, a criação da nova entidade, que vai congregar grupos de todo o país, é uma sedimentação de um processo de busca por respeito e contra a intolerância religiosa para com as religiões de matriz africana. “Essas religiões são atores políticos mais novos, então a criação do Fórum é um passo importante no fortalecimento do combate ao racismo e à intolerância religiosa”, afirmou a secretária.
Apesar de o evento ser uma iniciativa das entidades religiosas afro-brasileiras, adeptos de outras crenças também participaram do evento, como Limiro Besnosik, representando a Federação Espírita da Bahia. De acordo com coordenador geral do Coletivo de Entidades Negras, Marcos Rezende, o que motiva a mobilização é “o combate à intolerância religiosa, queremos o respeito a todas as manifestações religiosas”, disse Rezende.
O Fórum Nacional das Religiões de Matriz Africana, com o apoio do governo federal, poderá vir a ter papel similar ao desempenhado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para os católicos. A intenção é de que a nova entidade tenha sede em Brasília e que entre suas atribuições, esteja a definição do escopo doutrinário das religiões afro-brasileiras.
Amanhã (22) a programação continua com a 1ª Caminhada Nacional do Povo de Santo. A concentração será no final de linha do Engenho Velho da Federação, próximo ao busto de Mãe Runhô.
Fernanda Miranda
Via Press Comunicação
Corrida e Caminhada alteram tráfego em Salvador
O trânsito será alterado neste domingo, 22, em três pontos da cidade: Ondina, Federação e Dique do Tororó. No bairro de Ondina, a alteração no trânsito se dá por conta da XXIV Corrida da Águia, promovida pela Polícia Militar. O tráfego será modificado a partir das 7h30, nas seguintes vias: Av. Adhemar de Barros (saída da corrida), Av. Oceânica, Rua Artur Neiva, Largo do Chame-Chame, Av. Centenário, Praça dos Reis Católicos, Av. Reitor Miguel Calmon, Pça. Lord Cochrane, Av. Garibaldi, R. Bartolomeu de Gusmão, Av. Oceânica, Av. Adhemar de Barros, Rua Raymundo Pereira de Magalhães, Ladeira do Jardim Zoológico e R. do Corte Grande, chegando ao Alto de Ondina.
Por conta da Caminhada contra a Intolerância Religiosa, que acontece na manhã deste domingo, o tráfego de veículos vai ser interditado progressivamente a partir das 9h entre a Federação e o Dique do Tororó, passando pela Avenida Vasco da Gama. A caminhada sai do Largo do Engenho Velho da Federação (na Praça Mãe Ruinhó), passa pela Ladeira do Bogum, segue pela Av. Vasco da Gama até chegar ao Dique. As informações sobre a interdição são da Superintendência de Trânsito e Transporte do Salvador (Transalvador).
Fonte: A Tarde
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
Plantio da Árvore Sagrada foi realizado hoje, 20/11, em Salvador
Dia da Consciência Negra:1ª Lavagem da Estátua do Zumbi dos Palmares ocorre em Salvador
Crédito das fotos: Gether Ferreira
Fernanda Miranda
Via Press Comunicação
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Cartilha de Combate ao Desrespeito Religioso é lançada em Salvador
*Crédito das fotos: Gether Ferreira
Fernanda Miranda
Via Press Comunicação
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Evite filas! Leve a sua ficha de inscrição já preenchida para o Seminário
Chegue cedo!
Evite filas!
Leve a sua ficha já preenchida para o Seminário!
Leve
terça-feira, 17 de novembro de 2009
De Benin ao Maranhão pelas lentes de Márcio Vasconcelos
Na exposição "Zeladores de voduns e outras entidades", que vai ser aberta em São Luís, Márcio Vasconcelos foi buscar nos terreiros africanos as semelhanças entre o Maranhão e o Benin.
A exposição , na Casa de Nhozinho, que fica na Rua Portugal, na Praia Grande, Centro Histórico de São Luís, fica em cartaz até o mês de janeiro.
Roseli Fischmann: "Escola pública não é lugar de religião"
Foi aprovado pelo Senado brasileiro na última quarta-feira, 7 de outubro, o acordo firmado pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva e a Santa Sé, em novembro do ano passado, que estabelece a obrigatoriedade do oferecimento de ensino religioso pelas escolas públicas brasileiras. Diz o parágrafo 1 do Artigo 11: "O ensino religioso, católico e de outras confissões religiosas, de matrícula facultativa, constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, em conformidade com a Constituição e as outras leis vigentes, sem qualquer forma de discriminação."
"Se essa lei for sancionada pelo presidente, nossa constituição será violada", afirma a professora Roseli Fischmann, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Metodista, de São Bernardo do Campo, na região metropolitana da capital paulista. Perita da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) para a Coalizão de Cidades contra o Racismo e a Discriminação, responsável pelo capítulo sobre pluralidade cultural dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), coordenadora do grupo de pesquisa Discriminação, Preconceito e Estigma, vinculado à USP, e do Núcleo de Educação em Direitos Humanos, da Universidade Metodista e autora do livro Ensino Religioso em Escolas Públicas: Impactos sobre o Estado Laico, Roseli critica o acordo e fala, nesta entrevista a NOVA ESCOLA GESTÃO ESCOLAR, sobre as diversas e sempre irregulares maneiras de manifestação religiosa no cotidiano escolar.
O acordo assinado pelo presidente Lula com o Vaticano em 2008, que estipula a obrigatoriedade do ensino religioso nas escolas públicas, foi aprovado pelo Senado. E agora?
ROSELI FISCHMANN É importante ressaltar que o documento assinado pelo presidente da República prevê vários privilégios para a Igreja Católica: benefícios adicionais em termos de verbas públicas e ações com impacto sobre a cidadania, como a supressão de direitos trabalhistas para sacerdotes ou religiosos católicos, e a inclusão de espaços para templos católicos em planejamentos urbanos. Nesta entrevista, nos interessa o artigo sobre a obrigatoriedade “do ensino religioso católico e de outras confissões religiosas”, como está no texto. Mesmo fazendo menção a outras crenças, o acordo manifesta uma clara preferência por uma religião, o que obriga as escolas a adotar uma determinada confissão, e isso é inconstitucional. O Ministério das Relações Exteriores defende a iniciativa dizendo que não há problema, já que ela apenas reúne aquilo que já existe. Mas isso não é verdade.
Esse artigo poderia ter sido corrigido pelos parlamentares?
ROSELI Eles poderiam ter rejeitado o acordo. Quaisquer propostas de ressalvas precisariam ser revistas pelo Executivo e, como o documento tem caráter internacional e bilateral, nada poderia ser mudado sem a concordância do Vaticano. Ou seja, ficamos amarrados, o que caracteriza uma perigosa interferência no processo legislativo.
Com o acordo em vigor, o que pode acontecer nas escolas?
ROSELI Em relação ao ensino religioso em escolas públicas, será instalada uma mixórdia que abre a possibilidade de interpretações discordantes. Ainda que mencionado o caráter facultativo para o aluno, está criada uma obrigatoriedade do ensino católico, o que não existe nem na Constituição nem na LDB. E a nossa Constituição está sendo violada.
Por que misturar escola com religião é ilegal?
ROSELI No artigo 19 da Constituição, há dois incisos claros. O primeiro afirma ser vedado à União, aos estados, aos municípios e ao Distrito Federal “estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público”. O outro proíbe “criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si”. Ambos são os responsáveis pela definição do Estado laico, deixando-o imparcial e evitando privilegiar uma ou outra religião, para que não haja diferenças entre os brasileiros. Ora, se o Estado é laico, a escola pública – que é parte desse Estado – também deve sê-lo.
E as leis educacionais?
ROSELI Na própria Constituição, o artigo 210, parágrafo 1º, determina o ensino religioso “facultativo para o aluno, nos horários normais das escolas públicas de Ensino Fundamental”, o que pode se considerar como parte da tal ressalva da “colaboração ao interesse público”, citada na resposta acima. Já o artigo 33 da LDB diz que “os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída pelas diferentes denominações religiosas, para a definição dos conteúdos do ensino religioso”. Ou seja, essa entidade civil, a ser determinada, ou até criada, deve colaborar com a Secretaria de Educação em cada estado ou município. Isso é problemático porque quem quiser que a sua própria religião seja ensinada será obrigado a associar-se a essa entidade, ou não será sequer considerado no diálogo com o Estado, tendo assim violada sua liberdade de associação– um direito garantido pela Constituição.
A lei deixa margem a dúvidas?
ROSELI Alguns termos deixam sim. O que se considera “horário normal da escola”? O tempo que a instituição passa aberta ou aquele em que a criança efetivamente estuda? Uma coisa é certa: a lei é explícita ao declarar que o ensino religioso é facultativo. Porém o que se vê são escolas públicas desrespeitando a opção das famílias e professando, irregularmente, uma fé no ambiente educacional.
Como essa questão é tratada em outros países?
ROSELI Nos Estados Unidos, simplesmente não há ensino religioso em escolas públicas, de nenhum nível. A Revolução Francesa ensinou a relevância da laicidade e hoje o país debate para preservar o Estado laico. Portugal está saindo gradativamente de um acordo que o ditador Antonio Salazar assinou com a Santa Sé em 1940 e aboliu o ensino religioso das escolas públicas.
Como a religião está presente no cotidiano da escola pública brasileira?
ROSELI Ela aparece, sempre de forma irregular, das mais diversas maneiras: o crucifixo na parede, imagens de santos ou de Maria nos diversos ambientes, no ato de rezar antes da merenda e das aulas, na comemoração de datas religiosas. Alguns professores chegam a usar textos bíblicos como material pedagógico para o ensino da Língua Portuguesa ou para trabalhar conteúdos de outras disciplinas. É um equívoco chamar essa abordagem de “transversal” porque quem faz isso enxerta conteúdo de uma disciplina facultativa numa obrigatória.
Atitudes como essas podem ser consideradas desrespeitosas mesmo quando a maioria dos alunos é adepta da mesma religião?
ROSELI Não importa se a escola tem só um estudante de fé diferente (ou ateu) ou se 100% dos alunos e funcionários compartilham a mesma crença. A escola é um espaço público e deve estar preparada para receber quaisquer pessoas com o respeito devido.
Termos religiosos, como “graças a Deus” e “nossa” (que vem de Nossa Senhora), são usados até por quem afirma não professar nenhuma fé. Não é isso que, de alguma forma, ocorre nas escolas?
ROSELI Há expressões que são culturais e as pessoas não param para pensar se estão dizendo algo com sentido religioso. Isso é observável também em outras línguas, como o gee, do inglês, pela inicial do nome da divindade (god). Dificilmente um ateu deixará de ser ateu porque disse “nossa”. Porém o que se vê nas escolas públicas brasileiras é muito diferente. O que se faz lá fere a lei.
Com o aumento do número de evangélicos, as práticas dessa religião também aparecem nas escolas públicas?
ROSELI A grande presença no interior das escolas brasileiras ainda é a de práticas católicas. De outros grupos, o que existe muitas vezes é a manifestação de valores e atitudes, voltadas para garantir respeito à sua identidade religiosa, para se defender de tentativas de imposição, notadamente dos católicos.
Muitas escolas tratam de temas religiosos com os jovens alegando que isso ajuda a combater a violência.
ROSELI A religião não impede a violência. A ideia de que ela sempre faz bem é equivocada. Basta lembrar que grande parte das guerras teve origem em conflitos religiosos. Na escola, a violência deve ser combatida com o ensino ao respeito e ao reconhecimento da dignidade intrínseca a todos, não com o pensamento de que apenas as pessoas que acreditam na mesma divindade merecem consideração.
Por que é importante separar a religião do cotidiano escolar?
ROSELI A escola pública não pode se transformar em centro de doutrinação ao sabor da cabeça de um ou de outro. O espaço público é de todos. Além disso, o respeito à diversidade é um conteúdo pedagógico. É importante aprender a conviver com as diferenças e a valorizá-las e não criar um ambiente de homogeneização, em que aquela pessoa que não se enquadra é deixada à parte ou vista com desconfiança e preconceito.
Como deve agir o gestor escolar para evitar irregularidades?
ROSELI O diretor da escola pública tem uma missão importante: fazer daquele espaço um lugar efetivamente para todos. Para tanto, o ensino religioso só deve existir se houver um requerimento dos pais solicitando-o. Caso contrário, não pode nem estar na grade. E, para que os filhos sejam matriculados na disciplina, é preciso que a família dê uma autorização por escrito. Os alunos não podem, em hipótese alguma, ser obrigados a frequentar essas aulas. As horas dedicadas à religião não devem ser computadas no histórico escolar para que os não-matriculados não tenham registrada uma carga horária menor do que os outros. O ideal é que o ensino religioso, quando houver, seja oferecido no contraturno. Nesse caso, cabe à escola disponibilizar outra atividade não religiosa no mesmo horário para configurar o caráter facultativo e a igualdade entre todos os alunos.
O que os pais podem fazer caso sintam que a escola está desrespeitando a liberdade religiosa?
ROSELI Tanto o Conselho Tutelar quanto o Ministério Público têm como função garantir o cumprimento das leis, inclusive as educacionais, e qualquer um desses órgãos pode ser acionado por quem achar que está tendo seus direitos violados.
As escolas confessionais e as particulares podem professar a sua fé?
ROSELI Sim. Os pais têm o direito de escolher a formação que querem dar aos filhos. A primeira LDB, de 1961, reconheceu (após muita polêmica) que deveria haver escolas particulares e, com elas, as confessionais, o que persiste até hoje. Na época, pensou-se no que fazer quando a família não tem condições financeiras para colocar a criança nessas instituições. Foram criadas então as bolsas de estudo, que são a origem do sistema de filantropia nas escolas. Porém essas escolas precisam seguir os PCNs e ensinar Língua Portuguesa, Matemática, Ciências e as outras disciplinas. Assim a criança vai aprender o que diz a fé, pela qual seus pais a colocaram ali, sem deixar de conhecer o que defende a Ciência.
Quais as implicações na formação integral da criança quando ela tem seu credo – ou a opção por não seguir nenhuma crença – desrespeitado?
ROSELI Segundo a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a família tem primazia na escolha da Educação que deve dar aos filhos, inclusive quanto à doutrina religiosa a seguir. Se em casa as crianças aprendem a cultuar de uma forma e na escola de outra, nasce um conflito de valores que pode comprometer a aprendizagem. Não é possível haver a imposição religiosa no ambiente educativo.
Defensoria lança cartilha para informar sobre discriminação, racismo e preconceito
Em comemoração ao Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, a Defensoria Pública do Estado de São Paulo começou a distribuir uma cartilha para informar a população sobre seus direitos e providências a serem tomadas em casos de discriminação, racismo ou preconceito.
Elaborada pelo Núcleo de Especializado de Combate a Discriminação, Racismo e Preconceito da Defensoria, a cartilha explica o que é o direito à igualdade, previsto pela Constituição Federal, bem como o direito à diferença, que é a possibilidade de todos viverem segundo sua própria cultura e suas características pessoais, sem discriminação.
De forma didática, a cartilha também informa quais os dispositivos legais que podem ser aplicados nos casos em que ocorre a discriminação racial. Ensina, ainda, todos os passos a serem percorridos por uma vítima de preconceito ou racismo: colher a maior quantidade possível de informações e detalhes sobre o fato (por exemplo nome, telefone e endereço do ofensor e de pessoas que testemunharam a ocorrido), comparecer a uma delegacia para registrar o boletim de ocorrência, e procurar um advogado ou, se não tiver condições de arcar com os custos, a Defensoria Pública para propositura das medidas jurídicas.
Por fim, a cartilha traz, ainda, diversas instituições onde as vítimas podem buscar informações e atendimento no Estado de São Paulo.
Até esta sexta-feira, a cartilha estará disponível em todas as unidades da Defensoria Pública, na Capital e no Interior. A cartilha também pode ser acessada na internet, no Portal da Defensoria. (clique aqui)
Coordenadoria de Comunicação Social e Assessoria de Imprensa
Fonte: www.irohin.com.br
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Fique de olho no Outdoors da V Caminhada pela Vida e Liberdade Religiosa - 1ª Caminhada Nacional do Povo de Santo
AV. JORGE AMADO / PRAIA DA BOCA DO RIO
ENT PÇ REIS CATÓLICOS / HIPER
IDA CABULA VI
SAÍDA AV. JURACY MAGALHÃES/VASCO DA GAMA
VOLTA AV. PARALELA / FTC
VOLTA VIADUTO DE NAZARÉ/ITAPARICA FM
VOLTA PRAIA BOCA DO RIO/ AV JORGE AMADO/ UNIFACS
VALE DOS BARRIS / SEPLAN / SET
RETORNO RÓTULA DO ABACAXI / SUPERMERCADO EXTRA
RUA CARLOS GOMES / QUARTEL DOS AFLITOS
Participe, mobilize, junte-se a nós e faça a diferença!
Logun ô akofá!!!
CORES: Azul-turquesa e Amarelo-ouro
SÍMBOLOS: Balança, Ofá, Abebè e Cavalo-marinho
ELEMENTOS: Terra (floresta) e Água (de rios e cachoeiras)
DOMÍNIOS: Riqueza, Fartura e Beleza
SAUDAÇÃO: Logun ô akofá!!!
Logun Edé (lógunèdè) é o orixá da riqueza e da fartura, filho de Oxum e Oxóssi, deus da guerra e da água. É, sem dúvida, um dos mais bonitos orixás do Candomblé, já que a beleza é uma das principais características dos seus pais.
Caçador habilidoso e príncipe soberbo, Logun Edé reúne os domínios de Oxóssi e Oxum e quase tudo que se sabe a seu respeito gira em torno de sua paternidade.
Apesar de sua história, é preciso esclarecer que Logun Edé não muda de sexo a cada seis meses, ele é um orixá do sexo masculino. Sua dualidade se dá em nível comportamental, já que em determinadas ocasiões pode ser doce e benevolente como Oxum e em outras, sério e solitário como Oxóssi. Logun Edé é um orixá de contradições; nele os opostos se alternam, é o deus da surpresa e do inesperado.
Na Nigéria, a cidade de Logun Edé chama-se Ilesa e é uma das mais ricas e prósperas da África, mas o seu culto na região está em via de extinção.
Na África negra, dizem que Logun Edé seria na verdade Ólòlún Ode – o guerreiro caçador – o maior entre todos os caçadores, pai de todos eles, inclusive de Oxóssi. E se observarmos a cantiga de Oxóssi, veremos que expressão Omo ode, ou seja, filho do caçador, é constante, podendo inferir certa lógica nas histórias contadas pelos africanos.
Oxum Yéyé Ipondá e Odé Erinlé são, respectivamente, as qualidades de Oxum e Oxóssi que se consideram os pais de Logun Edé.
A história revela que Oxóssi, feliz pelo filho vindouro, declarou a Oxum o seu amor e pediu a ela posse do menino:
- Oxum, por amor a você, quero que Logun Edé fique comigo, vou ensiná-lo a caçar. Comigo ele aprenderá os segredos da floresta.
Mas Oxum também amava Logun Edé e por maior que fosse seu amor por Oxóssi ela não poderia separar-se de seu filho então declarou:
- Logun Edé viverá seis meses com sua mãe e seis meses com o seu pai, comerá do peixe e da caça. Ele será Oxóssi e será Oxum, mas sem deixar de ser ele mesmo, Logun Edé: uma princesa na floresta e um caçador sobre as ondas!
Características dos filhos de Logun Edé
Os filhos de Logun Edé possuem as características de Oxum, ou seja, narcisismo, vaidade, gosto pelo luxo, sensualidade, beleza, charme, elegância. Tem também características em comum com Oxóssi, ou seja, beleza, vaidade, cautela, objectividade e segurança.
No entanto, há características de Logun Edé que não pertencem nem a Oxum nem a Oxóssi. Na verdade, ele reúne o arquétipo de ambos, mas de forma superficial. A superficialidade é a marca dos filhos de Logun Edé, porque eles, ao contrário dos filhos de Oxóssi e de Oxum não têm certeza do que são nem do que querem. As qualidades de Oxum e de Oxóssi amenizam-se em Logun Edé, mas, em compensação, os defeitos são exacerbados. Dessa forma, os filhos de Logun Edé são extremamente soberbos arrogantes e prepotentes.
Mas algo não se pode negar: os filhos de Logun Edé são bonitos e possuem olho-de-gato, algo que atrai e repele ao mesmo tempo. São do tipo ‘bonitinho mas ordinário’. São mandões, os donos da verdade, os mais belos, cujo ego não cabe em si. Melhor não lhes fazer elogios em sua presença, a não ser que queira ver sua imensa cauda de pavão abrindo-se em leque. Quando têm consciência de que conseguem controlar os seus defeitos, os filhos de Logun Edé tornam-se pessoas muito agradáveis.
Os filhos de Logun Odé não andam! Pairam sobre o ar!
domingo, 15 de novembro de 2009
Manifesto Porta na Cara!
Se VOCÊ se sentiu alguma vez agredido ou desrespeitado ao tentar entrar na SUA agência bancária para movimentar a SUA conta, ou seja, SEU dinheiro, assine o MANIFESTO PORTA NA CARA. Sugerimos a instalação de guarda-volumes, a mudança da porta giratória das agências para um sistema de RAIO X ou outro equipamento que realmente mostre os pertences que estão sendo conduzidos pelo cliente, sem a necessidade de ficar expondo seus pertences imprensado numa porta que gira...
As atuais portas são travadas até por uma moeda e você depende da boa vontade do vigilante para destravá-la e permitir sua entrada no banco. Vamos mudar essa situação e pedir aos bancos que renovem seus equipamentos e medidas de segurança. Eles podem investir num equipamento de segurança melhor, que implique em menos constrangimento aos seus próprios clientes e usuários.
Vista seu branco, junte-se a nós e faça a diferença!
Maiores informações: www.caminhadanacional.org.br
sábado, 14 de novembro de 2009
Lançamento: Ibejis e o Carnaval
Em Ibejis e o Carnaval os jovens leitores poderão conhecer um pouco mais dessa festa maravilhosa que é o carnaval.
Com ilustrações de Luciana Justiniana, o livro será lançado no domingo, 15 de novembro, no ensaio do Aprendizes do Salgueiro, na Rua Silva Teles, 104 - Andaraí.
Convite: Memorial Mãe Betinha
Elizabeth de França Ferreira, a inesquecível Mãe Betinha para todo o seu povo, nasceu em 29.11.1909. Há cem anos, a cultura afrodescendente brasileira ganhou um nome de força comparável apenas à das águas de Iemanjá Sabá que lhe guiavam os passos. O Pólo de Saúde e Saberes Afro Brasil lança o projeto Memorial Mãe Betinha, para que este grande exemplo continue vencendo o tempo e perpetuando os seus ensinamentos. O Memorial Mãe Betinha, Elizabeth de França Ferreira, é um projeto do Pólo Nacional de Saúde e Saberes Afro Brasil, que tem como metas, estimular e apoiar as comunidades terreiro no desenvolvimento de atividades ligadas à saúde e cidadania em seu entorno social.
O Memorial Mãe Betinha se integra às demais atividades desenvolvidas pelo Pólo na valorização de um personagem de grande importância em diversas esferas. Para o Candomblé, Mãe Betinha representou a resistência da religião à intolerância no período do Estado Novo e a preservação de um formato de culto de origem iorubana, o xangô recifense ou nagô em sessenta e cinco anos de sacerdócio. Em sua atuação à frente da comunidade do Ilê Axé Yemanjá Sabá Bassamí, Mãe Betinha representou liderança, consciência e força na defesa dos direitos e da posição da mulher na sociedade. Seu exemplo ainda vai além da esfera religiosa, quando trouxe para um dos bairros mais populosos e carentes da Região Metropolitana do Recife, olhares nacionais e internacionais que transformaram o seu terreiro em uma reconhecida fonte do saber popular.
O Memorial contará com exposição permanente de fotografias, vídeos e objetos que ilustrem a figura da yalorixá Betinha de Yemanjá Sabá e sua tradição. O acervo será construído a partir da disponibilização de material por familiares, amigos, descendentes na religião e pesquisadores que a tomaram como referência. A estrutura física cedida para o Memorial será o antigo local reservado por Mãe Betinha para atender e aconselhar os que lhe procuravam. O espaço foi preservado em suas características básicas, mesmo após o fechamento do terreiro, decorrente do falecimento da sua zeladora.
A inauguração do Memorial será realizada no dia 29.11.2009, em comemoração pelo centenário de Mãe Betinha. O local ficará aberto para visitas individuais ou em grupo de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h, mediante agendamento, nos dias de funcionamento do Pólo Afro Brasil e das atividades religiosas públicas do terreiro.
A inauguração do Memorial contará com a presença de autoridades, pesquisadores, lideranças sociais e religiosas, familiares e descendentes do axé de Elizabeth de França Ferreira, além da comunidade que cresceu ao redor do terreiro que conta aproximadamente 70 anos de história. Neste dia serão promovidas palestras sobre a história de Mãe Betinha e sua atuação na valorização e preservação da identidade afro-descendente em 70 anos de sacerdócio, debates sobre a luta histórica contra a intolerância racial e religiosa, exibição do premiado vídeo As Yalorixás do Recife, que reúne mulheres ícones da cultura negra recifense desde o século XIX, apresentações folclóricas, feira de arte, literária e coquetel aos convidados. Após os debates e coroando o evento, acontecerá a Festa de Iemanjá do Ilê Iyá Axé Ogê L´Awô, dentro da tradição Ketu, que sucedeu o Ilê Axé Yemanjá Abassami, do qual Mãe Betinha
foi sacerdotisa.
Vilma Reis fala em CPI da Câmara
“Nós não nascemos para enterrar os mais novos” (Vilma Reis)
Por Jamile Menezes*
Djair Santana de Jesus, negro, 16 anos, estudante do ensino fundamental, com mãe negra chefa de família, foi assassinado pela Polícia Militar da Bahia, na comunidade do Alto da Esperança, na região das Sete Portas, sob a acusação de ter trocado tiros com os policiais da ROTAMO. As mulheres que protestaram a sua morte foram covardemente espancadas e sua tia, dona Jaciara Santana, foi baleada nas nádegas..” Esta realidade se repete em Salvador e na maioria das cidades brasileiras. Segundo dados da UNICEF, até 2012 33 mil mães em todos os estados brasileiros não verão seus filhos completarem 18 anos.
O quadro acima foi relatado pela socióloga Vilma Reis em seu depoimento na audiência pública da CPI da Violência Urbana, realizada na Câmara de Deputados, em Brasília, nesta quarta – feira (11). Convidada para depor junto ao coordenador do Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais da UFRJ, Marcelo Paixão, Reis apresentou ao relator da CPI, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), o relatório da Campanha Reaja ou Será Mort@!, desenvolvida por membros do movimento negro organizado em Salvador, que traz registros da violência e do extermínio perpetrado por agentes da Policia Militar baiana nos últimos anos. São prisões sem investigação, mortes sem julgamento listadas no documento que comporá a relatoria da CPI. “Diante do fracasso da Conseg, o Estado não tem o que nos dizer. A Câmara e o Congresso precisam ser a porta que estimule um nível mínimo de debate com a população negra, que é quem está morrendo”, pontuou Vilma Reis. De acordo com estatísticas expostas pelo economista Marcelo Paixão, a probabilidade de um jovem negro na faixa dos 17 aos 24 anos morrer em conseqüência da violência urbana está acima da casa dos 100% superior a de um jovem branco da mesma idade no Brasil. Dados do Sistema Único de Saúde (SUS) dão conta de que, em dois anos (2006-2007), 59.896 negros foram assassinados e é entre 10 e 24 anos a faixa etária onde se constata a maior diferença entre o número de homicídios de negros e brancos.
Homens e mulheres - Outros dados que fragilizam essa juventude também foram apresentados no depoimento do pesquisador, como o desemprego e o da escolaridade que revela que cerca de 90% dos jovens negros com idade para cursar o ensino superior estão fora das universidades. No quesito gênero, o disparate continua. “Quando analisamos homens e mulheres, constatamos que, durante o ano escolar médio, por exemplo, em uma turma que comece equilibrada (meninos e meninas negras), ao final, teremos a grande maioria, quando não sua totalidade, formada apenas por meninas. Para onde foram aqueles jovens?”, questionou Paixão. Para o pesquisador, o trabalho da CPI não pode estar dissociado destes indicadores. “Se a discussão sobre racismo não for incorporada nas reflexões dos deputados desta Comissão, será difícil chegar a um entendimento desta realidade de extermino que vivenciamos”, pontuou.
Segundo dados de pesquisa realizada pela socióloga Vilma Reis em 2007, e apresentada em seu depoimento, estes jovens estão perdendo, em média, 44 anos de vida. “Este modelo policial é incompatível com a nossa existência. Já ouvimos dos chefes de segurança nos estados que nós, mulheres negras, estamos parindo bandidos, como foi dito pelo governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral, de que “se tiver que tombar um, que seja do lado de lá”, como publicizou o secretário de segurança da Bahia, Cesar Nunes. É uma máquina estatal voltada, secularmente, para matar negros e que se une a outras para legitimar esse extermínio”, disse Vilma Reis. A pesquisadora refere-se, dessa forma, a algumas emissoras de TV na Bahia que, através de programas ditos “populares”, tem exposto os denominados “suspeitos”, “atuando como Polícia, julgando as pessoas, que são negras, violando todo e qualquer tipo de direito humano desses homens e mulheres”. Mesmo com veiculação proibida pelo Ministério Público, os programas continuam sendo exibidos, com a conivência, inclusive, dos próprios delegados de polícia que permitem a entrada e o interrogatório dos presos por parte das equipes de reportagem. “Queremos que esta CPI possa intervir para que o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado entre essas emissoras e o MP seja cumprido. Elas devem ser identificadas e chamadas para depor aqui. Brigamos por produções regionais na TV mas não podemos concordar com a diária criminalização da maioria local como é feita por estes programas contra a população negra”, frisou Vilma Reis.
“Licença pra matar” - Outro ponto colocado na agenda da CPI foi o Ato de Resistência, instrumento utilizado pela Polícia à época da Ditadura Militar. Na avaliação da socióloga Vilma Reis, o mesmo vem sendo usado pela Polícia baiana como uma verdadeira “licença para matar”. “Podemos dizer que, na Bahia, no que se refere à segurança pública voltada para a população pobre, majoritariamente negra, a Ditadura continua vigente pois um instrumento erguido por ela continua se valendo como ferramenta de legitimação e oficialização da matança”, enfatizou, solicitando ainda a investigação da Comissão quanto ao fato.
Para o deputado federal Luiz Alberto, que também compõe a CPI, as contribuições dos convidados devem ser levadas a todos os deputados da Comissão, que deverão resultar em proposições viáveis de políticas públicas e não apenas em recomendações. Programas como o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (PRONASCI) também foram colocados em pauta. “O PRONASCI não pode ser agenda da Secretaria Segurança Pública (SSP), ele deve dialogar com outras secretarias como a Especial de Políticas para as Mulheres (SPM), a de Políticas de Promoção da Igualdade (SEPPIR), pois a SSP não consegue pensar em políticas que não sejam criminalizadoras da população negra, que é seu alvo direto. É preciso inverter esta lógica. A negritude de Djair está em cada um de nós, portanto a linha que separa cada pessoa negra da possibilidade de ser assassinada pelas polícias é muito tênue. Não queremos mais seminários para diagnosticar o óbvio, nem apenas cursos inócuos de formação em Direitos Humanos para policiais. Em um Estado com 77% de habitantes negros, não vamos morrer em silêncio, de bruços e com as mãos na cabeça, exterminados pelos tiros de misericórdia do Estado”, concluiu Vilma Reis que, “paradoxalmente”, como destacado pelo deputado e relator da CPI, Paulo Pimenta, junto ao pesquisador Marcelo Paixão foram os únicos negros, até o momento, convidados a depor desde a instalação da Comissão em agosto.
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
I Conferência Nacional de Saúde Ambiental
Essa chamada é bastante sugestiva quando pensamos na população negra do nosso país que ainda continua em um meio ambiente desfavorável e hostil, marcado pelas desigualdades raciais. Familias negras ainda continuam sem saneamento básico e contam com transportes de péssima qualidade. E quando o assunto é segurança pública, a população negra conhece bem as consequências da insegurança.
Quem é que vai cuidar dos negros e negras desse país? E olhe que hoje somos a maioria pois segundo o IPEA ultrapassamos a marca de 50% da população brasileira.
É fundamental a nossa participação nessa Conferência pois caso contrário vai demorar séculos para sermos cuidados e mais do que isso ter os nossos direitos garantidos. A etapa nacional da Conferência vai acontecer de 09 a 12 de dezembro de 2009, em Brasília.
Mais informações no (61) 3213-8434 ou no cnsa@saude.gov.br
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Kawó Kabiesilé!!
CORES: Vermelho (ou marrom) e branco
COMIDA: Amalá
SÍMBOLOS: Oxés (machados duplos), Edún-Àrá, xerê
ELEMENTOS: Fogo (grandes chamas, raios), formações rochosas.
DOMÍNOS: Poder estatal, justiça, questões jurídicas.
SAUDAÇÃO: Kawó Kabiesilé!!
Nem seria preciso falar do poder de Xangô (Sòngó), porque o poder é a sua síntese. Xangô nasce do poder morre em nome do poder. Rei absoluto, forte, imbatível: um déspota. O prazer de Xangô é o poder. Xangô manda nos poderosos, manda em seu reino e nos reinos vizinhos. Xangô é rei entre todos os reis. Não existe uma hierarquia entre os orixás, nenhum possui mais axé que o outro, apenas Oxalá, que representa o patriarca da religião e é o orixá mais velho, goza de certa primazia. Contudo, se preciso fosse escolher um orixá todo-poderoso, quem, senão Xangô para assumir esse papel?
Xangô gosta dos desafios, que não raras vezes aparecem nas saudações que lhe fazem seus devotos na África. Porém o desafio é feito sempre para ratificar o poder de Xangô.
A maneira como todos devem se referir a Xangô já expressa o seu poder. Procure imaginar um elefante, mas um Elefante-de-olhos-tão-grandes-quanto-potes-de-boca-larga: esse é Xangô e, se o corpo do animal segue a proporção dos olhos, Xangô realmente é o Elefante-que-manda-na-savana, imponente, poderoso.
Percebe-se que a imagem de poder está sempre associada a Xangô. O poder real, por exemplo, lhe é devido por ter se tornado o quarto alafim de Òyó, que era considerada a capital política dos iorubas, a cidade mais importante da Nigéria. Xangô destronou o próprio meio-irmão Dadá-Ajaká com um golpe militar. A personalidade paciente e tolerante do irmão irritavam Xangô e, certamente, o povo de Òyó, que o apoiou para que ele se tornasse o seu grande rei, até hoje lembrado.
O trono de Òyó já pertencia a Xangô por direito, pois seu pai, Oranian, foi fundador da cidade e de sua dinastia. Ele só fez apressar a sua ascensão. Xangô é o rei que não aceita contestação, todos sabem de seus méritos e reconhecem que seu poder, antes de ser conquistado pela opressão, pela força, é merecido. Xangô foi o grande alafim de Òyo porque soube inspirar credibilidade aos seus súbditos, tomou as decisões mais acertadas e sábias e, sobretudo, demonstrou a sua capacidade para o comando, persuadindo a todos não só por seu poder repressivo como por seu senso de justiça muito apurado.
Não erram, como se viu, os que dizem que Xangô exerce o poder de uma forma ditatorial, que faz uso da força e da repressão para manter a autoridade. Sabe-se, no entanto, que nenhuma ditadura ou regime despótico mantém-se por muito tempo se não houver respaldo popular. Em outros termos, o déspota reflecte a imagem de seu povo, e este ama o seu senhor, seja porque nos momentos de tensão responde com eficiência, seja por assumir a postura de um pai. No caso de Xangô, sua rectidão e honestidade superam o seu carácter arbitrário; suas medidas, embora impostas, são sempre justas e por isso ele é, acima de tudo, um rei amado, pois é repressor por seu estilo, não por maldade.
Fato é que não se pode falar de Xangô sem falar de poder. Ele expressa autoridade dos grandes governantes, mas também detém o poder mágico, já que domina o mais perigoso de todos os elementos da natureza: o fogo. O poder mágico de Xangô reside no raio, no fogo que corta o céu, que destrói na Terra, mas que transforma, que protege, que ilumina o caminho. O fogo é a grande arma de Xangô, com a qual castiga aqueles que não honram seu nome. Por meio do raio ele atinge a casa do próprio malfeitor.
Xangô é bastante cultuado na região de Tapá ou Nupê, que, segundo algumas versões históricas, seria terra de origem de sua família materna.
Tudo que se relaciona com Xangô lembra realeza, as suas vestes, a sua riqueza, a sua forma de gerir o poder. A cor vermelha, por exemplo, sempre esteve ligada à nobreza, só os grandes reis pisavam sobre o tapete vermelho, e Xangô pisa sobre o fogo, o vermelho original, o seu tapete.
Xangô sempre foi um homem bonito extremamente vaidoso, por isso conquistou todas a mulheres que quis, e, afinal, o que seria um ‘olhar de fogo’senão um olhar de desejo ardente? Quem resiste ao olhar de “flirt” de Xangô?
Xangô era um amante irresistível e por isso foi disputado por três mulheres. Iansã foi sua primeira esposa e a única que o acompanhou em sua saída estratégica da vida. È com ela que divide o domínio sobre o fogo.
Oxum foi à segunda esposa de Xangô e a mais amada. Apenas por Oxum, Xangô perdeu a cabeça, só por ela chorou.
A terceira esposa de Xangô foi Oba, que amou e não foi amada. Oba abdicou de sua vida para viver por Xangô, foi capaz de mutilar o seu corpo por amor o seu rei.
Xangô decide sobre a vida de todos, mas sobre a sua vida (e sua morte) só ele tem o direito de decidir. Ele é mais poderoso que a morte, razão pela qual passou a ser o seu anti-símbolo.
Características dos filhos de Xangô
É muito fácil reconhecer um filho de Xangô apenas por sua estrutura física, pois seu corpo é sempre muito forte, com uma quantidade razoável de gordura, apontando a sua tendência à obesidade; mas a sua boa constituição óssea suporta o seu físico avantajado.
Com forte dose de energia e auto-estima, os filhos de Xangô têm consciência de que são importantes e respeitáveis, portanto quando emitem sua opinião é para encerrar definitivamente o assunto. Sua postura é sempre nobre, com a dignidade de um rei. Sempre andam acompanhados de grandes comitivas; embora nunca estejam sós, a solidão é um de seus estigmas.
Conscientemente são incapazes de ser injustos com alguém, mas um certo egoísmo faz parte de seu arquétipo. São extremamente austeros (para não dizer sovinas), portanto não é por acaso que Xangô dança alujá com a mão fechada. Gostam do poder e do saber, que são os grandes objectos de sua vaidade.
São amantes vigorosos, uma pessoa só não satisfaz um filho de Xangô. Pobre das mulheres cujos maridos são de Xangô. Um filho de Xangô está sempre cercado de muitas mulheres, sejam suas amantes, sejam suas auxiliares, no caso de governantes, empresários e até babalorixás, mas a tendência é que aqueles que decidem ao seu lado sejam sempre homens.
Os filhos de Xangô são obstinados, agem com estratégia e conseguem o que querem. Tudo que fazem marca de alguma forma sua presença; fazem questão de viver ao lado de muita gente e têm pavor de ser esquecido, pois, sempre presentes na memória de todos, sabem que continuarão vivos após a sua ‘retirada estratégica’.
Lançamento do Edital 2009 do Selo da Diversidade Étnico-Racial
Várias pesquisas no país demonstram que homens e principalmente as mulheres negras encontram-se na base da pirâmide social brasileira. Em Salvador, cidade com maior contingente de afrodescendentes do país, esta situação é uma característica muito forte.
Este programa representa um importante avanço da Prefeitura de Salvador e tem como principal objetivo incentivar a diversidade racial em um dos campos de maior exclusão da população negra, o mercado de trabalho. As inscrições acontecem entre os dias 23 de outubro e 20 de novembro.
Objetivando transformar a realidade dos negros na sociedade, a Semur retomou o programa do Selo da Diversidade. Após a revisão do Plano de Trabalho elaborado pelas empresas e a constatação dos avanços alcançados por cada uma delas, os parceiros foram convocados a participar desta nova etapa para aprovação do Edital 2009.
Após algumas reuniões, palestras e debates com os parceiros, as empresas e o Comitê Gestor, bons ventos sopraram e neste curto espaço de tempo está sendo lançado o Edital de abertura do Selo da Diversidade 2009.
Os primeiros encontros foram provocados pela Semur para ativar a política pública do Selo com o Instituto Íris, ABRH-BA e Hélio Santos. Neste encontro foram pautadas novas metas e a reafirmação do compromisso em manter ativa esta política pública que fomenta a responsabilidade social das empresas, auxiliando na inclusão social dos afrodescendentes. Os encontros foram organizados com intuito de sensibilizar as empresas, organizações do terceiro setor e a sociedade civil que o Selo é uma política pública de valorização da diversidade étnico-racial e que pode ser uma porta de entrada para melhorar a imagem social das empresas.
Este projeto representa um diferencial no mercado de trabalho e é uma forma de alterar os dados atuais, sobre a ausência de trabalhadores afrodescendentes em posições estratégicas das empresas na cidade com maior população negra do país.
Histórico - O Selo da Diversidade Étnico-Racial, lançado em 2007, é uma parceria entre a Prefeitura de Salvador, através da Semur, a Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-BA) e o Instituto de Responsabilidade e Investimento Social (Íris). O programa é uma peça com potencial em fomentar as empresas com a questão da responsabilidade social, além de ser uma política de valorização da diversidade étnico-racial para as empresas, organizações do terceiro setor e da sociedade civil.
No primeiro momento, 30 instituições aderiram ao selo e assumiram o compromisso de desenvolver ações de combate ao racismo no ambiente de trabalho. Além de elaborar o censo étnico-racial, as empresas criaram propostas de alteração da realidade de sub-representação de afrodescendentes em seus diversos níveis hierárquicos. Estas propostas foram analisadas por um Comitê Gestor, composto de organizações representativas do segmento governamental, empresarial e da sociedade civil. E, após a revisão de todos os trabalhos apresentados, foram feitas as alterações necessárias para melhorar o programa do Selo da Diversidade e está sendo lançado o Edital 2009.
TEMA: “Um Diálogo sobre a Responsabilidade Social e Empresarial e o Selo da Diversidade”
13h – Credenciamento
13:30h – Abertura
Palestras
14h - “Responsabilidade Social Empresarial e Competitiva”
Palestrante: Mario Nelson Carvalho – Vice-presidente da ANCEABRA
14:30h - “A importância da Diversidade nas Organizações”
Palestrante: Rosema Maluf – ACB – Associação Comercial da Bahia
15h – Apresentação do Selo da Diversidade Étnico-Racial da Cidade do Salvador
Palestrante: Ailton Ferreira - Secretário Municipal da Reparação
16h – “Case de Sucesso”
Palestrante: Dalila Caldas – Representante do Shopping Center Lapa
17h – Encerramento
Coquetel
Mais informações: (71) 4009-2629 / (71) 4009-2611
Adriana Ferreira
Jornalista
DRT-BA 2969<
(71) 87754971
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Associação Brasileira de preservação da Cultura Afro Amerídia - AFA
NOSSA MISSÃO
Preservar e resgatar Cultura Afro-Brasileira e Amerídia visando a manutenção da religiosidade, a defesa dos espaços sagrados, a difusão dos valores sociais herdados da Arkhé dos povos africanos e indígenas, promovendo o seu desenvolvimento.
OBJETIVO GERAL
Contribuir na preservação e no resgate do valor histórico-cultural e religioso das Comunidades Terreiro e dos povos da floresta, bem como na conscientização da sua importância para a sociedade como um todo.
A Associação Brasileira de preservação da Cultura Afro Amerídia - AFA faz parte da Comissão Organizadora da 5ª Caminhada pela Vida e Liberdade Religiosa - 1ª Caminhada do Povo de Santo.
Estatuto da Igualdade Racial pode ser aprovado ainda neste mês
De acordo com Paim, Sarney voltou a manifestar seu apoio à iniciativa e o orientou a apresentar um requerimento de urgência para garantir que, em entendimento com os líderes, o projeto prevaleça sobre as outras deliberações.
De autoria do senador Paulo Paim, o Estatuto da Igualdade Racial tramita no Congresso Nacional há seis anos. Foi aprovado na Câmara em setembro, na forma do substitutivo do deputado Antônio Roberto (PV-MG). O texto prevê medidas como o incentivo à contratação de negros em empresas, o reconhecimento da capoeira como esporte, o livre exercício dos cultos religiosos de origem africana, a reclusão de até três anos para quem expressar manifestações racistas na internet e o estímulo às atividades produtivas da população negra no campo.
- É muito importante que, obtido o consenso na Câmara, o Senado nos ajude para que, ainda neste ano, a comunidade negra veja o estatuto aprovado em sessão histórica - disse o deputado Onyx, que participou das articulações pelas alterações no texto original.
Fonte: SEPPIR
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Com a palavra Baba Diba de Iyemonja...
Ensino religioso: lição de tolerância
Arthur Guimarães
Há os que defendem que os estabelecimentos públicos não podem servir de espaço para a pregação religiosa e os que argumentam que a escola tem a obrigação de oferecer tal ensino dentro da proposta curricular regular. Esse debate continua em curso e acaba potencializado pelas diferentes interpretações da lei. "Definições sobre a forma de financiamento, perfil dos professores, horário das aulas e conteúdo a ser trabalhado ficaram sob responsabilidade dos sistemas de ensino, estaduais e municipais", explica Lúcia Lodi, do Ministério da Educação (MEC). Dessa forma, peça informações à mantenedora da sua escola para saber como organizar o ensino religioso em sua unidade, evitando ações sem respaldo legal.
É importante, de qualquer maneira, refletir sobre seu papel na construção da espiritualidade dos estudantes. "Uma coisa é certa: o respeito mútuo, a não-violência e a compreensão não têm relação direta com a religião. São valores que podem ser ensinados independentemente de crenças", exemplifica Roseli Fischmann, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP).
Respostas às suas principais dúvidas
Na escola pública, a educacão religiosa sempre foi motivo de polêmica. Algumas das questões que mais afligem o professor foram respondidas por Roseli Fischmann, da USP.
Meus alunos são obrigados a assistir às aulas de ensino religioso?
Tratando-se de uma instituição pública, não. O estudante só poderá cursar as aulas se a família consentir por meio de uma carta, que deverá ficar arquivada na secretaria. No entanto, mesmo com essa permissão, a criança tem o direito de optar por não freqüentar as aulas. Por isso, a direção da unidade é obrigada a informar ao estudante que há essa escolha. E sob nenhuma hipótese ele poderá ser reprovado por falta ou nota - o que seria ilegal e inconstitucional. Já no caso de colégio privado que optar pelo caráter confessional, e que for assim reconhecido e autorizado pelo Estado, a opção deve ficar explícita para a comunidade.
Como devo lidar com a espiritualidade dos estudantes?
Lembre-se de que os estudantes têm liberdade de crença, como qualquer cidadão brasileiro. Há tradições religiosas que pregam o monoteísmo, outras o politeísmo e as que nem sequer se referem a uma figura divina. Com relação a temas da espiritualidade, o importante é saber que temos de nos respeitar, sem constranger quem pensa de um modo distinto do nosso. Respeito independe de concordância e essa é a grande lição que a escola pode ensinar.
Eu preciso saber se meus alunos têm religião e qual?
A criança não pode ser forçada a se manifestar nesse sentido. A crença, como a não-crença, habita o íntimo das pessoas, como a consciência. Assim como ninguém pode ser impedido de manifestar sua religiosidade, também não pode ser obrigado a manifestá-la ou mesmo a possuí-la. Isso pode gerar constrangimento, vergonha e medo. E, o que é pior, desenvolver esses sentimentos em relação a ser quem é, porque a criança se sente "diferente" do que os outros dizem que deveria ser. E quem não está filiado a uma religião ou escolheu ser ateu deve ter igualmente reconhecida sua dignidade.
Nós, professores, acabamos servindo de exemplo para muitas crianças. Como evitar que a nossa fé tenha influência sobre elas?
Pautando sua atuação pelo respeito às crenças de todos, ao mesmo tempo que exige respeito à sua escolha religiosa. Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, os professores são, mesmo, reconhecidos pela criança como uma grande e respeitada autoridade. Se ela sente que essa figura, muito amada, por sinal, a reprova ou a discrimina por ter um modo de crer e de manifestar a crença diferente do seu, o dano à construção de sua identidade pode ser muito grande. Há o risco até mesmo de o próprio processo de ensino-aprendizagem ser prejudicado.
Tem problema se, durante as aulas, eu falar da minha religião, que conheço bem e acho a melhor?
Não é correto expor a turma a seu modo de praticar a fé, seja ela qual for, quando estiver na escola pública. Num país como o Brasil, nação de composição populacional marcada pela pluralidade cultural, étnica e religiosa, você corre o risco de ofender qualquer um que não tenha a mesma crença. A simples idéia de rezar ou orar antes da aula, na rede pública, pode significar a transmissão de uma forma de exclusão para seus alunos. Ao mesmo tempo, homogeneizar as mensagens religiosas é atitude simplificadora e corresponde, freqüentemente, a mutilar a verdade presente em cada credo. É preciso deixar claro para a turma que nós, seres humanos, somos iguais em dignidade e direitos, como ensina a Declaração Universal dos Direitos Humanos e a Constituição Federal.